Está muito chato se informar no Brasil. Ainda mais a respeito de política. Ok, para muitos o assunto sempre foi chato. Mas me refiro ao atual cenário, em que polarizou-se a opinião e (infelizmente) também a informação.
Está difícil ver algo com imparcialidade — tudo bem, alguns vão dizer que imparcialidade no jornalismo é um mito (ops!, não posso usar esta palavra), é uma fantasia, uma utopia; pois de alguma forma, ainda que mínima, privilegia-se esta ou aquela informação exibindo-a primeiro ou mais acima ou mais à direita (na cultura ocidental), enfim, sempre terá uma vantagem que tirará daquele texto, áudio, foto, ilustração ou vídeo a isenção total. Mas quando cito imparcialidade quero dizer com a mais rasa definição, de ao menos mostrar dois lados da história (normalmente não são apenas dois, eu sei!) e trazer todas as informações possíveis.
O fato é que aquelas conversas de mesa de bar, de balcão enquanto comia-se uma coxinha ou pão com mortadela (ops!, mais palavras proibidas) com tubaína, papo de esquina, de refeitório, hoje são potencializadas ao extremo com as redes sociais e a liberdade de cada um para “publicar” o que bem entender — talvez uma prerrogativa com a qual ainda não saibamos lidar pela tenra idade desse invento que revolucionou nossos tempos, a internet comercial que temos hoje (surgida no Brasil em 1995). Aliás, nem nós, cidadãos mortais, nem a grande mídia, que ainda tenta se enquadrar num modelo que não a extinga nessa selva online.
Isso sem falar no proposital mal uso da “rede mundial de computadores” (eu adorava usar essa expressão no comecinho da internet) para disseminar ódio, maldizer, amaldiçoar e “hatear” (neologismo meu; lê-se “reitear”; em inglês, significa algo como odiar, demonstrar ódio) pessoas e empresas nas redes sociais. O que era só pensamento ou, no máximo, um comentário dito ao melhor amigo a respeito de alguma opinião ou atitude controversa segundo seu julgamento, agora é algo público com a coragem de quem esconde-se atrás da tela, de um computador, tablet ou smartphone, ou, ainda menos digno, atrás de um usuário anônimo, um sem-foto-sem-nome. Mas esse é tema para outro texto, para outra hora… (continua)